Parados há 11 dias, caminhoneiros bebem água da chuva para matar a sede na BR-163
- Equipeças
- 7 de mar. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado em 07/03/2019 | Fonte: Canalrural | Publicado por Equipeças

Há um bom tempo atrás, um sábado chuvoso, quando os primeiros caminhões começavam a ficar atolados nos trechos sem asfalto da BR-163, no sudoeste do Pará. Poucos imaginavam – ou se negavam a acreditar – que dali em diante, o drama vivenciado há dois anos voltaria a acontecer. Naquela época, o Brasil – e o mundo – testemunhavam o tamanho da nossa ineficiência logística. A rodovia aberta ainda na década de 1970, permanecia inacabada, gerando prejuízos para quem depende dela para escoar a produção e, principalmente, colocando em risco a segurança e a saúde de quem precisa percorrê-la.

Dois anos se passaram e pouca coisa mudou. O trecho sem asfalto diminuiu, mas a pavimentação ainda não chegou aos pontos mais críticos da estrada, que incluem as serras da Anita e do Moraes. Com o aumento do volume de grãos que deixam o centro-oeste com destino às Estações de Transbordo de Cargas (ETC´s) instaladas em Miritituba, o fluxo de caminhões cresceu exponencialmente e, com ele, o risco de novos problemas onde o ritmo da estrada ainda é ditado pela poeira, terra e lama.

Hoje, onze dias depois que os primeiros relatos de atoleiros (neste ano) na BR-163 começaram a ser divulgados, a situação dos motoristas que estão presos na estrada é dramática. Sem previsão sobre quando será possível retomar a viagem, muitos já estão sem comida e dependem da solidariedade para conseguir se alimentar. A cada instante surgem mais vídeos com desabafos de quem vive na pele as consequências deste abandono logístico. Muitos motoristas relatam que o socorro anunciado pelo Exército e pelo Dnit – que tem distribuído mantimentos e água – não chegou pra todo mundo. É com a água da chuva que vários estão conseguindo matar a sede e cozinhar (quando ainda há algum mantimento).
Em manifesto divulgado na tarde desta terça-feira (05), o Movimento BR-163 Sustentável, alerta para a falta de apoio aos motoristas. O pedido de ajuda diz que muitos estão “abandonados”, e contesta a informações de que o Exército tem fornecido água e comida aos caminhoneiros. O documento ainda “exige” respostas das autoridades para o caso que se tornou a BR-163. Na avaliação do Movimento, que representa mais de 8 mil caminhoneiros – entre autônomos e empregados – o atual cenário poderia ter sido evitado.
Nesta quarta-feira (06) o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, deixou Brasília rumo ao sudoeste do Pará com o objetivo de vistoriar as ações emergenciais que foram adotadas na BR-163. Esta é a segunda visita do novo Ministro à região em menos de 45 dias.
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